domingo, 26 de dezembro de 2021

 Gosto de saber que existe a possibilidade de que ao dormir sonharei com você
Das inúmeras sandices
Das suas tantas babaquices
Restam ainda migalhas de querer
Fecho os olhos e mesmo sem crer
Rezo para que em meu sono  apareça
E mais uma vez eu possa te ver.

Vanessa Dias

sábado, 25 de dezembro de 2021

 

Me fiz poeta na tentativa de aliviar a dor que carrego
Como um corte num abscesso
Mas a carne e a alma estão inflamadas
Um edema rígido que me deixa em estado febril
E eu deliro
Imagino rios de água doce enquanto minha boca seca está amarga
Contraio-me na tortura de carregar em mim tanta mágoa
Desaguo e me afogo no lamento
Escrever já não é suficiente
Me desfiz, sou o nada

Vanessa Dias

terça-feira, 28 de setembro de 2021

 O tempo passa como um vendedor de algodão doce na rua;
A boca jovem desfruta do doce nuvem e se lambuza, 
As bocas retraídas escutam a toada e apenas lembram do sabor da doçura já vivida.

Vanessa Dias

sábado, 7 de agosto de 2021

Micro Conto - Desejo para a chuva

 


Ela olhava pela janela o horizonte cinzento que se misturava com os últimos vestígios do dia.

A brisa suave que beijava seu rosto, trouxe a vontade de estar nos braços dele. O cheiro morno da tarde deu espaço ao frio que anunciava a chuva. O olhar fixo em lugar algum eram portais que a levavam ao mundo das memórias e dos pensamentos ardentes. Ergueu os olhos e vislumbrou os

raios estrondosos que cortavam os céus.

Sentiu o coração apertar de tal maneira que arrancou-lhe lágrimas dos olhos.

O corpo arrepiado chamava o dele a todo instante. As lembranças mais nítidas a fazia crer que ele estava ali, diante dela.

Os cabelos negros e a pele branca levemente salpicada de sardas. Os lábios

finos e o verde dos olhos que sempre lhe traziam esperança.

 O vento cada mais forte invadia o espaço que ele deixou aumentando o

a ferida no peito. E os pingos de chuva tocavam a pele dela com tamanha delicadeza que parecia beijar sua face. Subitamente

fechou os olhos marejados e escorreu-lhe pela boca o gosto suave de

lágrimas e chuva.

Desejava entregar-se ao desejo insano de encontrá-lo, tocar aquele corpo novamente.

Perguntava a si mesma se ele também sentia falta dela. 

E como se estivesse em êxtase atravessou o pátio descalça dando de encontro á rua ladrilhada de amores e saudade.

O corpo molhado num vestido branco ia de encontro ao corpo dele, ainda que não soubesse onde o encontrar.

Eis que na virada da esquina surgiu aquela silhueta tão conhecida, e em questão de segundos, contados ou não, olhos que não se encontraram por  uma eternidade ou mais, se conectaram.

O silêncio deveras talvez fosse quebrado quando ele movimentou os lábios, mas ela não precisava ouvir nada além do som do seu coração desritmado.

A mão fria dela afagou lhe os cabelos da nuca ensopados conduzindo-o para si, num movimento sublime.

Os lábios que chamaram o nome dele tantas vezes, agora trêmulos, ora de frio ora de emoção mataram a sede de beijá-lo. Naquele instante eram

apenas um, confundindo-se na tempestade que lhes dava calmaria á alma.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Falha

 Enganou-se 
Envernizou a madeira cheia de cupim 
Que ruiu,
 Podre por dentro
Olhou para o resto no desalento
O pó escuro que se espalhava pela fenda na face da carranca
Um odor pútrido exalava
Era bicho,
era lixo,
Uma figura estranha que em casa guardava

Vanessa Dias 


 Lutei pelo seu amor
Alistei-me
Sem armas
Me isolei na quarentena dos teus abraços
Desviei do teu olhar
Bombardeio de palavras vazias
Amando o inimigo
Que me causava feridas e à noite as lambia

Vanessa Dias

quinta-feira, 22 de abril de 2021

 A sobriedade está matando a minha loucura 
De uma existência morna para o frio fúnebre desses dias
Foram poucos os passos
Mais para lá do que para qualquer lugar
Viajo nas lembranças poucas dos tempos em que eu fingia viver

Vanessa Dias  

segunda-feira, 19 de abril de 2021

 Escrevo em linhas constantes minha vida tortuosa

Existência dolorosa

Uma solitária pra quem não está afim de qualquer conversa
Uma redoma cerceada pelos fantasmas do passado
Esses Infelizes que me fazem caretas e gargalham
Gracejam ao verem minhas chagas encarnadas
Traço em papel barato, na poeira
Nas paredes do meu ser como que riscasse dia após dia um verso a mais
Um a menos
Da loucura estou à beira
Contabilizando os dias quando acordo
Cada palavra é um grito nesse meu desassossego
pedido mudo
Um sinal de que estou acabada
último suspiro de vida
Um grão de areia em meio ao nada

Vanessa Dias 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

 

Sou hoje um esboço mal sucedido de uma coisa qualquer.
Algo que um dia foi um sonho e foi parar num fundo de lixeira.

Vanessa Dias 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

 

Por um triz, meu coração volta a bater
Ânsia de vida e vômito
O movimento brusco do músculo cardíaco
Me fez crer que vou morrer.

Vanessa Dias

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