O grito dos excluídos
Mortos em vida,
Desvalidos
Com as feridas abertas,
Recebem nas chagas beijos de sal
Aos virtuosos são invisíveis
Corações andarilhos que carregam gente
São sementes
De árvores de raízes fortes
Profundas
As marcas na pele
Na alma
A quiromancia não diria que é caso de sorte
Pra muitos restam a morte
Escape da vilania
Imundície que edificamos e batizamos Sociedade
A maldade espreita e se deita na cama dos abastados
Insinuando ao pé do ouvido que nada é suficiente
Tudo são números
Estatística
Marcha ré na igualdade
Um prato vazio tilinta como que anunciasse mais um óbito
Um Carcará faminto espreita o repousar do corpo cansado
Cuja as entranhas secas doem
Vazias como suas vidas
Fome
O céu algodão doce ludibria aqueles olhos que temem a chuva
Olha aquele rio de lama!
Não tem barco
Tem casa, cama
Desesperada a esperança leva as mãos à cabeça
E chora
Nada melhora
Vê!
Eis que chega ajuda!
Um punhado de arroz e rapadura
Pra tirar a amargura,
Ponha na boca esse doce,
Pois, a vida é dura
Vanessa Dias
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