Diga aos sobreviventes que a ajuda não virá
Diga a eles que a esperança está nas mãos
Daqueles que comprimem as feridas dos outros
E ninguém sabe que o mundo não nos quer vivos
Diga aos que dormem na nuvem da ignorância
Que o despertar vem no choro das crianças paridas sem vontade
Os protestos não as alimentará
Não as defenderá do estado
Já catatônico culpa o que se faz anônimo
Digam e levem também a voz às Madalenas que não se demorem a descobrir
Que o escuro do abrigo é ilusão
Que a chuva e o sereno lhes serão de mais valia
Pois não matam não se existe a vontade de se erguer do chão
Diga aos sobreviventes a olharem para o alto
Apenas não imergirem no lodo
Do engodo de quem os guiara à batalhas infundadas
gritem aos quatro ventos que exitem tormentos
Que existe o medo e a sabedoria de usá-lo para lutar até a exaustão
O mundo não nos quer vivos eu repito
Diga à ele
Que ouça atentamente o soar dos passos firmes
Há um levante
Erguem-se os estandartes dos marginais
E as vozes ecoarão no vazio absoluto da existência
Resistência
Digam aos ratos que o barco naufragara há muito
E não vai ter para onde correr
Olho por olho
Dente por dente
Tente!
Mas não vai nos deter
Vanessa Dias
Um comentário:
Maravilhoso
Postar um comentário