quarta-feira, 30 de setembro de 2020

 No chão de cimento queimado eu desenhei um sol

Para que do céu Santa Clara visse


E acabasse com a chuva do meu peito

coisa da minha meninice

risquei com giz e fervor para acabar com o temporal de tristeza

para secar meus olhos insones de medo do perigo que me visitava de madrugada

coisa que aprendi

chamar à todos os santos e rezar para o anjo da guarda

me sentia acolhida nos braços imaginários de seres que nunca vi

pois, quem eu conhecia eu não podia confiar

coisa da minha desproteção

mal nascida,

infanta já carregava uma ferida

coisa da vida

amordaçada pela juventude e falta de ouvidos

nunca fui capaz de dizer o que me doía  roubava minha inocência

e ninguém viu

coisa de negligência

no chão de cimento queimado desenhei uma estrela e acendi uma vela

para que o mal visse

coisa de quem está desesperado

roguei uma praga ou duas e chamei a morte

coisa de quem não tem o que perder pois tudo já foi tomado

e a vela apagou com um sopro do meu alívio

meu corpo repugnante cheio de marcas

carrega uma história triste e mágoas

pra sempre maculado

coisa de quem teve a infância desrespeitada.

Vanessa Dias 
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