quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Populus

Esse gosto por ser escravizado.
Sadismo social
As costas sempre doloridas por carregar a culpa por ser pobre
Um fardo que carregam com orgulho
Que não dividem
A lamúria é cultural e a gratidão não existe
Dependuram a corrente no pescoço
Exibem os grilhões
matam para defender o patrão
Capitães do mato
Sufocam
Atiram
Genocídio não é acidente
A justiça levanta a venda e esconde o rosto
É inaceitável que umas vidas valham mais do que outras
Quem faz essa escolha?
Desgraça não comove
move
Revira as entranhas
Movimentam a roda da fortuna
Engrenagem movida a sangue da periferia
Histeria
Mas uma criança foi ceifada
A mãe olha para o céu e pergunta
"Por que a minha filha?"
O infante pelos horrores do mundo consumido
Sofre ao carregar pedra
E um cachimbo
Faz nuvem de chumbo
Esconde o corpo moribundo
Como que fugisse para casa da árvore
Dependurado
Enforcado se balança sereno
É um a menos
É a matemática
Exatas são as previsões
A pele negra é atestado de ladrão
As mãos de quem queria fazer a diferença, ensanguentadas
Nelas o futuro da nação
Estamos acordados
De braços dados
Outros muitos cruzados
O peito apertado murmura
Enquanto as carpideiras cortejam um branco caixão
"Caminhando, cantando, e seguindo a canção"

Vanessa Dias
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