sábado, 25 de novembro de 2017

Hoje tem a garrafa como amante
 Lhe desce rasgando a goela abaixo o malte
Procura no fundo do copo o beijo dela
Sereiana
Canta ao pé do ouvido
Afoga
Whisky em doze anos ou mais
Não dá pra voltar atrás

Vanessa Dias

sábado, 4 de novembro de 2017

I

Limite,
Eu desconhecia essa palavra
Ela só me fazia sentido quando eu chegava à exaustão
Insisti demais nas pessoas
Procurei por muitos incansável
Quando começava a doer eu sabia que estava me excedendo
Agora só existe dor
Fadiga

II
Partirei sozinha
Das vidas alheias e desta existência minha
Há muito estou na penumbra
eclipsada 
Sou uma piada sem graça
Contada muitas vezes
Risada sem dentes pode ser escutada

III
Adeus
Esse é o fim desta jornada
Ao lembrarem
Escrevam meu nome numa árvore
Na casca cicatrizada
Seiva
lágrima
De mim pó
Findo no nó
Na garganta
A palavra

Vanessa Dias

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Chutei o pau do circo,
não quis mais ficar no centro do picadeiro
Tudo veio à tona
Você foi embora primeiro
E eu não recolhi a lona

Vanessa Dias

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

E essas cicatrizes de cortes dolorosos, de quedas bobas
Difícil esquecer
O relevo traz a lembrança
coceirinha boa
Do mal que me fez
Te odeio sorrindo
Olhos castanhos lindos!

Vanessa Dias

domingo, 3 de setembro de 2017

Olhei no espelho hoje e me lembrei daquela canção que não voz de Elis me diz "eu tenho mais de vinte anos"...
Bem mais.
E reparei nos cabelos brancos que insistem em aparecer "isso é de preocupação"...
E são muitas.
Preocupo-me com a carreira, quero ser grande, poderosamente estável
Preocupo-me em mostrar, não, em esfregar na cara das pessoas que passaram na minha vida que eu consegui ( se é errado eu não sei, mas quero)
Preocupo-me com a filha, o mundo tá uma desgraça só.
Respiro fundo...
Eu tenho mais de vinte anos, ruga na testa
"isso é de chorar, fazendo careta, fica feia"
E eu choro mesmo...
Não é porque eu sou fraca, estou sendo forte por muito tempo
Lembro daqueles que estavam ao meu lado, eram muitos quando eu tinha um copo na mão
Na festa eram todos meus amigos
Hoje nem os gatos da rua...
Eu olhei no espelho e vi uma pessoa diferente
Será assim daqui pra frente...
Eu com mais de vinte e tantos anos

Vanessa Dias

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Se não for pra meter o dedo na ferida nem me dou ao trabalho de descruzar os braços.

Vanessa Dias

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Palavras são meninas traquinas que correm
Dançam na minha língua
Escondem-se quando sinto medo
Emaranham segredos
Dão nó na garganta
Sussurrantes espiam pela janela dos lábios entreabertos
E calam
O silêncio beijam


Vanessa Dias

sábado, 3 de junho de 2017

Perder-se de si mesmo é a maior das tragédias.
Não saber mais quem és enche de dúvidas e luto o ser
Perdi-me de mim, nem ao menos escuto meus apelos
Desnorteada guio-me pelo  que me causa menos dor

Vanessa Dias

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Com os olhos semicerrados
Escuto um barulhinho
Mensagem sua
Sorrio como se pudesse ouvir baixinho
Te amo

Vanessa Dias

sábado, 20 de maio de 2017

Manhã recheada de saudade
Parece domingo à tarde
Um passarinho come as migalhas do pão de minha avó
A toalha da mesa onde minha tia punha suas mãos cruzadas está guardada
Sinto cheiro do seu chá de alecrim
Balé de reminiscências
No fundo a canção de Amado Batista
Seco o rosto molhado e esboço um sorriso abestalhado
O ditado diz o que ela repetia:
-"O macaco esconde o rabo e aponta o da cotia".
Dona Lourdes olhava por cima dos óculos a intriga e ria:
-"Eita Dona Maria!"

Vanessa Dias

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Balzaquiana



Os meus cabelos brancos ainda tímidos me avisam que estou mais próxima do fim do que do começo
Convexa a alma transborda lágrimas
As mãos temerosas seguram o que conquistei
Lembranças poucas de quem nunca teve o por vir

Vanessa Dias
Meus olhos acostumam-se
Às veredas acinzentadas no topo de tua cabeça
O tato recusa a sentir outra pele
A boca refém do teu gosto
Palato viciado
Olfato
Sinto o perfume do teu corpo tatuado
Leio cada linha pigmentada
E memorizo
Como mantra repito tuas últimas palavras
Minha e mais nada

Vanessa Dias

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Quando morre o sonho, nós morremos também
Morri recentemente,
Tive as cinzas lançadas ao vento

Vanessa Dias

domingo, 2 de abril de 2017

A amargura do coração transborda
Corre pelas veias
Alimenta o corpo
Enche o copo de dissabor
És sem amor
És cobra
Veneno na fala
Na alma
Te entorta

Vanessa Dias

domingo, 26 de fevereiro de 2017

O peito é gaiola, sentimento enclausurado
Escrevo partituras desse canto
Sou mal amado
Aplaudem
Aclamam meu sofrimento enfeitado

Vanessa Dias

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O hino ao amor ainda na vitrola
Canção carmim esconde que sangro de saudade
Me invade,
Corta a lingua que dançava no céu da tua boca
Anis estrelado,
Dois cubos de gelo,
Um gole e vejo teus olhos malte

Vanessa Dias

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Como cão sem dentes que tenta roer um osso
Ele continuava naquela relação
Insistia no esforço
A boca inapta abocanhava
Sem sentir o gosto

Vanessa Dias

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Mareada

A beira mar te esperei enquanto tu fincava  tua cruz em outras terras
Com um colar de contas nas mãos eu via os dias passarem secos
No horizonte meus olhos procuravam tua nau
E eu imergia, afogava-me nas lembranças que me deixaste guardar em meu oceânico coração.

Vanessa Dias

Proletariado



Nessa de colher o que se planta
Eu colho o que foi plantado por outro como eu  Fruto pra encher o bucho de quem não plantou um alqueire desta terra de ninguém

Vanessa Dias

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Deusa

Composta por carne osso e ódio
Range os dentes
E morde a canela da vida
Louca espuma pela boca
Espele versos uranicos
Eis a composição
Bela em sua forma e exagero
Palavras em demasia
Escorrem pelos lábios
Ambrosia
Mete o dedo na ferida
Quem lê queima
Sofre de azia

Vanessa Dias

sábado, 21 de janeiro de 2017

Ressaca do que não bebi
Um gosto amargo da boca que não beijei
Persiste
Frio e trêmulo
O corpo dói depois do amor
Que não existe

Vanessa Dias

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

No meu pulso tinha fita vermelha e uma figa
No peito dela, acalento com cheiro de rosa
A voz me ninava e eu levanta minhas "vistas"
Sua cabeça de branco estava adornada
Me acalmava,
Um mantra na vitrola tocava
Lady Laura, lady, lady Laura



Vanessa Dias

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Eu te amei desde o momento em que te vi chorar
Amor de graça numa tarde cinza
Você na praça contava navios que partiam no teu marejar
Era domingo
E como se eu tirasse a sorte num realengo
Guardei teu rosto no bolso
E sempre que fecho os olhos me lembro
Sempre vou te amar

Vanessa Dias
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