Certa vez um fazendeiro cansado de ter seu milharal saqueado por corvos decidiu tomar providências.
Resolveu então ele fazer rondas munido de uma espingarda, mas assim que virava as costas as aves enchiam a pança e gracejavam: -" Mas que tolo! Assim que ele vem nós nos escondemos e quando ele se vai nós comemos e comemos!"
O caso era que além de comilões os corvos eram egoístas e monopolizaram os cereais, visto que existiam por ali ratos que também adoravam milho e sempre estavam atentos ao menor vacilo do fazendeiro para também comê-lo. Acontece que sempre que se aproximavam os corvos gritavam e batiam as asas negras violentamente assustando os roedores.
Inconformados os ratos resolveram se reunir e pensar numa maneira de tirar os corvos dali.
Então fez-se uma assembléia.
Um rato gorducho de bigodes grossos elevou-se subindo numa tampa de garrafa e pediu a atenção dos demais: -" É inaceitável que isso continue acontecendo! Eles nos escorraçam como se fôssemos ratos! Comem tudo e ainda riem de nossas caras. Temos que tomar o que é nosso!"
Outro rato esguio sem entender muito o discurso do caro colega coçou a orelha esquerda e até pensou em debater mas ao olhar ao redor percebeu que a ratazanada estava fervorosa e preferiu se calar.
Eram muitos e representados por uma minoria sádica e falante não conseguiam chegar à um acordo a respeito do problema.
Uns diziam: -"Vamos matar os corvos!" outros iam mais longe; -"Vamos matar o fazendeiro!"
Era tamanha a confusão que ao final não sabiam mais por qual motivo estavam ali reunidos.
E os corvos continuavam a comer todo o milho, enxotando os ratos e rindo da cara do fazendeiro que depois de muitos dias resolveu esperar a estação acabar e capim plantar esperando talvez que os corvos se fossem e o vizinho prendesse bem suas vacas.